domingo, 23 de outubro de 2011


SALÁRIOS
Finanças aprova parecer e PLP 549, que inviabiliza PCS, fica a uma comissão do plenário
CFT aprova parecer que rejeita mérito do PL que congela salários, mas dá ‘ok’ para viés orçamentário; resposta tem de ser mais greve, diz servidor
 
Comissão de Finanças e Tributação da Câmara (CFT) aprovou por unanimidade o parecer pela rejeição no mérito do projeto de lei que congela os salários do funcionalismo por dez anos, o PLP 549/2009. Mas como o relatório do deputado Pepe Vargas (PT-RS) também considerava a proposta viável no ponto de vista orçamentário, ela irá agora para a Comissão de Constituição e Justiça, última etapa antes do plenário da Câmara, onde o governo precisa de maioria simples para aprová-la. Caso fosse rejeitado em sua integralidade, o projeto, que já passou pelo Senado, seria arquivado.
 
A aprovação do relatório, ocorrido na quarta-feira (19), aconteceu na primeira sessão deliberativa da CFT após o ‘acordo’, firmado entre os deputados, que adiou a entrada em pauta do PCS-4 e pôs fim às obstruções da base governista, lideradas pelo PT, que impediam votar tanto os reajustes dos servidores, quanto qualquer outra matéria. “É muito ruim o que aconteceu, é mais uma armação que confirma que o acordo do dia 26 foi um truque para aprovar os projetos de interesse do governo”, critica Cleber Aguiar, servidor do TRF de São Paulo e diretor do Sintrajud-SP, que participou dos protestos promovidos pelo funcionalismo durante a sessão.
 
Caso seja aprovado, o PLP 549 inviabiliza a implantação do PCS-4. De acordo com estudos do economista Washington Lima, do Departamento de Economia do Sintrajud, a aplicação retroativa do projeto reduziria a folha salarial de todo o funcionalismo em cerca de 1/3 do valor atual, o que dá uma ideia palpável do impacto dos novos limites orçamentários com a eventual aprovação da proposta.
 
‘Projeto podia ser arquivado’
 
Houve certa confusão entre os servidores que ‘ocupavam’ a Comissão de Finanças com relação ao que estava sendo votado, já que a aprovação do relatório rejeitava o mérito do projeto, mas não a sua viabilidade orçamentária. Também não houve consenso sobre o que defender: aprová-lo ou retirá-lo de pauta. O relator Pepe Vargas fez um discurso criticando duramente o projeto – mas há também duras críticas ao teor do parecer por ele apresentado. Servidores questionam por que o parlamentar não sustentou um relatório pela rejeição total da proposta, como o que havia sido apresentado anteriormente pela então deputada Luciana Genro (Psol) e que acabou caindo sem ser votado porque ela não se reelegeu. “Ele era presidente da CFT quando tinha o relatório que mandava arquivar [mas não o manteve]”, disse Cristiano Moreira, da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul.
 
Pepe Vargas alega que não tinha como rejeitar a matéria no aspecto orçamentário, único que levaria ao arquivamento do projeto, porque ela não cria novas despesas. “Meu parecer nesse tocante foi técnico. Foi o óbvio ululante”, afirmou em entrevista anterior à reportagem do LutaFenajufe Notícias. Ao justificar o seu parecer, no entanto, ele restringe a atuação da Comissão de Finanças, no que toca o aspecto financeiro, a avaliar se eventuais aumentos de despesas são compatíveis ou não com a previsão orçamentária. Ocorre que as atribuições da CFT estabelecidas em sua “Norma Interna” vão muito além disso: “O exame de compatibilidade ou adequação orçamentária e financeira (...) se fará através da análise da conformidade de proposições com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias, o orçamento anual e normas pertinentes a eles e à receita e despesa públicas”. E que “entende-se como compatível a proposição que não conflite com as normas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias, da lei orçamentária anual e demais disposições legais em vigor”.
 
Foi com base nisso que Luciana Genro deu seu parecer pela rejeição, sem deixar de mencionar que a matéria não “afronta” a Lei de Responsabilidade Fiscal por não criar nova despesa: “Da análise da conformidade da proposição com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias, o orçamento anual e normas pertinentes a eles e à receita e despesa pública, cumpre ressaltar que o Projeto conflita com as pré-citadas normas, pelo fato de estabelecer limites para o gasto com pessoal e encargos sociais já para o corrente ano de 2010, no qual praticamente toda a despesa se encontra executada”. Em outras palavras, dizia que a proposta estabelece limites impossíveis de aplicar num orçamento já em execução.
 
Parecer bem distinto, portanto, do que foi aprovado nesta quarta-feira na Comissão de Finanças. “Foi mais uma demonstração de que o governo avança nos seus projetos que atacam os direitos dos servidores, que atacam a aposentadoria e congelam os salários. Nossa resposta a isso tem que ser fortalecer a greve nacional da categoria”, defende Saulo Arcangeli, diretor do sindicato do Maranhão (Sintrajufe-MA) e da federação nacional (Fenajufe).
 
Por Hélcio Duarte Filho
(colaborou Eliane Salles)
Luta Fenajufe Notícias
Quarta-feira, 20 de outubro de 2011

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