segunda-feira, 24 de outubro de 2011


JUDICIÁRIO E MPU
Greve ganha adesões e atinge 14 estados em semana de pressão e ameaça em Brasília
Categoria cobra da Comissão de Finanças aprovação do PCS; governo teria orientado voto contra; ‘ampliar a greve para derrubar reajuste zero’, diz servidor
 
Com as adesões de Mato Grosso do Sul e Alagoas esta semana, a greve nacional do Judiciário Federal e MPU chega a 14 estados e ganha força às vésperas da reunião da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara que tem o PCS-4 como item de pauta. A data da sessão – quarta-feira (26) – é a prevista no ‘acordo’ firmado entre deputados governistas e de oposição para votar o PL 6613/2009, dos servidores do Judiciário Federal. Não há, no entanto, garantias de que isso ocorra e nem de como votarão os deputados caso a proposta seja apreciada. 
 
A ampliação da greve e da mobilização – que terá atos em Brasília na terça e quarta-feira – são apontadas por dirigentes sindicais como imprescindíveis para superar o veto do governo Dilma Rousseff aos projetos do Judiciário e MPU. “Aconteça o que acontecer na sessão do dia 26 temos que fortalecer a greve e a pressão – o governo quer ganhar tempo para aprovar o PLP 549 [que congela salários e inviabiliza o PCS] e o PL 1992 [que acaba com a aposentadoria integral para novos servidores], e precisamos impedir que isso aconteça”, analisa Cleber Aguiar, servidor do TRF de São Paulo e dirigente do Sintrajud-SP.
 
Na sessão da quarta passada, os deputados da CFT aprovaram o relatório do PLP 549/2009, o que, apesar de rejeitar a proposta no mérito, fez com que ela avançasse na tramitação. Vai agora para a Comissão de Constituição e Justiça, última etapa antes da possível votação final no plenário da Câmara. É assim porque o parecer do deputado Pepe Vargas rejeita o mérito, mas diz que o projeto é viável no aspecto orçamentário, único que poderia levá-lo ao arquivamento na comissão.
 
Governo teria instruído votação contra

O começo da semana em Brasília foi marcado por duas notícias envolvendo o PCS: uma, de que o presidente da Comissão de Finanças, Claudio Puty (PT-PA), incluiu o projeto na pauta da sessão de quarta; a outra, revelada nos bastidores e ainda não confirmada, de que o governo teria orientado a sua bancada a incluí-lo na pauta e votar pela rejeição dele. Um parlamentar disse a servidores que essa é a nova orientação do governo e teria sido passada aos deputados numa reunião com a ministra Ideli Salvati (Relações Institucionais) na semana passada.
 
Não é a primeira vez, porém, que deputados governistas na CFT falam em votar contra o projeto. Quando o PT liderou a obstrução das sessões da comissão, em setembro, os parlamentares alegavam que se a proposta fosse a voto eles votariam pela rejeição. "Parece que há um endurecimento do governo. É preciso um chamado, um alerta nacional para a categoria fazer pressão máxima sobre o Judiciário e sobre os membros da CFT para que não ousem fazer isso", defende o servidor Adilson Rodrigues, da Justiça Federal de Santos e diretor do sindicato paulista. Ele ressalta ainda que o Supremo deve uma resposta às ações que contestam a exclusão do projeto, pela presidenta Dilma Rousseff, do orçamento do Judiciário. “O Supremo, além de não estar se movendo, está se omitindo no seu papel constitucional. São pelo menos cinco ações urgentes que a legislação impõe a apreciação imediata: dois meses se passaram e não se vislumbra uma decisão. Por que não o faz?", questiona. 
 
Parecer preliminar da LOA
 
As atividades desta semana têm especial importância também por outra questão: a votação do relatório preliminar da Lei Orçamentária de 2012 na Comissão Mista de Orçamento (LOA), que deve acontecer na quinta-feira (27). O prazo para emendas termina na terça (25) e dirigentes sindicais articulam a apresentação de algumas que contemplem o PCS. Não há, porém, nada definido ainda quanto a isso. “Só o que temos definido é que sem muita mobilização, muita pressão e muita greve não conseguiremos nada”, alerta mais uma vez Antonio Melquíades, o Melqui, diretor da federação nacional (Fenajufe).
 
Com a esperada presença de servidores de todo país em Brasília, na quarta-feira haverá uma reunião do Comando Nacional de Greve. A paralisação ganhou impulso nós últimos dias: nesta segunda (24), aderiram os servidores da JF do Ceará. No final da semana passada, Piauí e do Mato Grosso do Sul. Na terça (25), entram os trabalhadores de Alagoas. Paralisações estão previstas para Minas, Santa Catarina e Espírito Santo. O movimento paredista que já contava com os servidores da Bahia, Mato Grosso, São Paulo, JT do Amazonas/Roraima, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Justiça do Trabalho da 15ª Região (Campinas e demais cidades),
 
A greve nacional já é realidade. Mas, frisam os servidores, precisa ganhar mais corpo. Esta semana, trabalhadores de vários estados e do próprio Distrito Federal pretendem chamar os colegas de Brasília para que entrem na greve, não fiquem de fora. O lema é: parar o país para fazer o PCS andar no Congresso.
 
Por Hélcio Duarte Filho
LutaFenajufe Notícias
Segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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