terça-feira, 24 de abril de 2012

Governo diz que não dá nada e servidores protestam pelo país nesta quarta (25)

FUNCIONALISMO
Governo diz que não dá nada e servidores protestam pelo país nesta quarta (25)
Atos e paralisações nos estados acontecem após o Planejamento deixar claro que Dilma não atenderá nenhum ponto das reivindicações; na Câmara, PCS volta à pauta
Trabalhadores dos serviços públicos federais fazem, nesta quarta-feira (25), novas manifestações da campanha salarial da categoria, que busca construir as condições para derrubar a política de salários congelados e de redução de direitos aplicada pelo governo Dilma Rousseff. Estão previstas paralisações de 24 horas em alguns segmentos dos serviços públicos, dentre eles os técnicos administrativos das universidades federais e os servidores do Ministério da Cultura.
Haverá atos conjuntos em diversas capitais do país. Servidores do Judiciário Federal e do MPU devem participar dos protestos e, em Brasília, pressionar novamente a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para que vote o projeto que revisa o PCS (PL 6613/2009). Será a terceira vez consecutiva que o projeto entrará em pauta, mas a tendência é que o governo siga obstruindo a pauta.
Negociações não avançam
A movimentação do funcionalismo será a primeira manifestação nacional da categoria após o resultado da reunião de negociação com o governo em março, na qual o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, deixou explícito que o governo não apresentará contraproposta para a pauta de reivindicações salariais e manterá a política de reajuste zero.

“A reunião [de março] com Sérgio Mendonça foi a pior reunião, nem os [aumentos nos valores dos] benefícios o governo quer discutir. O governo não tem nenhuma proposta objetiva orçamentária, a proposta é de reajuste zero em 2012 e em 2013”, diz Júlio Tavares, dirigente sindical e integrante da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).
Nesta quarta-feira (24), em nova negociação no Planejamento, Mendonça disse, logo após chegar com duas horas de atraso, que não via mais sentido em continuar marcando as reuniões já que tudo que já havia respondido tudo que poderia responder, de acordo com reportagem divulgada pelo Andes-SN, sindicato nacional dos docentes. O secretário de Relações do Trabalho não deixou dúvidas quanto à posição do governo de não ceder em nada nas negociações, seja em termos de reajuste salarial, suspensão de tramitação de projetos que atacam a categoria ou de aumento de benefícios.
Contra as privatizações

Nos protestos desta quarta, além da reposição salarial emergencial linear de 22% e a fixação da data-base em maio, os trabalhadores vão contestar as privatizações no setor, que estão ocorrendo por meio de organizações sociais ou da empresa hospitalar recém-criada (a EBSERH, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). Também vão levar para as ruas a defesa da Previdência pública e, o direito à aposentadoria e a paridade entre servidores ativos e aposentados.
As manifestações estão sendo convocadas pelo Fórum Nacional dos Servidores, que reúne 28 entidades nacionais da categoria e mais as centrais sindicais CSP-Conlutas, CTB e CUT. Os protestos sinalizam para o governo que haverá resistência conjunta do funcionalismo à política de salários congelados e de redução de direitos.
Por Hélcio Duarte Filho
Luta Fenajufe Notícias
Terça-feira, 24 de abril de 2012

quarta-feira, 11 de abril de 2012

MANIFESTO - RENOVA SINDJUFE




Crise mundial leva a quebra de fundos e expõe riscos
FUNDOS DE PENSÃO
Crise mundial leva a quebra de fundos e expõe riscos para servidor no Funpresp, diz Fatorelli
Auditora fiscal diz que crise mundial, que o governo ‘usa’ para privatizar Previdência, quebrou fundos e pôs em risco aposentadorias nos EUA e Europa
 
O governo Dilma Rousseff usou a crise econômica como argumento para a criação, por meio de votações aceleradas na Câmara e no Senado, dos fundos de pensão privados dos servidores públicos federais (Funpresp). Mas na visão da auditora fiscal Maria Lucia Fatorelli, é justamente a natureza da crise econômica que atinge principalmente a Europa e os Estados Unidos um dos elementos que deveria ter sido considerado pelo governo para não criar as três fundações de aposentadoria complementar, uma para cada poder da República. “Os fundos de pensão estão quebrando em várias partes do mundo”, afirma Fatorelli, que é coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, movimento que estuda o desenvolvimento do endividamento público no Brasil.

A auditora também sustenta que o problema das contas públicas no país não é causado nem pelo custo de pessoal nem pela Previdência. “O verdadeiro rombo está na dívida, que nunca foi auditada”, observa, em entrevista concedida, por email, aos jornalistas Juliana Silva, da Redação do Sintrajud, e Hélcio Duarte Filho, do LutaFenajufe. “A política que privilegia a dívida é a responsável pelo grande paradoxo do Brasil: ao mesmo tempo em que somos a 6a potência mundial, somos um dos países mais injustos do mundo, ocupando a 84a posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) medido pela ONU”, critica. 
 
Na análise que faz, Fatorelli explica que a origem da atual crise ‘da dívida’ que abala EUA e Europa está no setor financeiro e decorreu do excesso de emissão pelos bancos de “produtos financeiros” sem lastros, isto é, sem garantias reais, “principalmente os derivativos” – emissões possibilitadas “pela desregulamentação e autonomia do setor financeiro bancário”.
 
Toneladas desses papéis, prossegue, encontram-se abrigados nos “bad banks” em várias partes do mundo, à espera de serem trocados por ‘ativos reais’, obtidos principalmente em novas privatizações. Outra parte destes papéis, adverte, já provoca sérios danos em fundos de pensão. A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne as mais desenvolvidas economias do mundo, alertou para o perigo que isso representa para os fundos de pensão: “Existe o risco de que as pessoas que investiram nesses fundos recebam pouco ou nada depois de se aposentar”.
 
Para dirigentes sindicais do Judiciário Federal, que se opunham à aprovação do projeto de lei que criou os fundos complementares privados para os servidores no Brasil, esse cenário serve de alerta para os trabalhadores, que precisam seguir lutando pela Previdência pública. Para os atuais servidores, que tendem a sofrer assédio do governo para que abandonem o sistema público e abracem o fundo de pensão, mostra o destino que é dado ao dinheiro das aposentadorias e o risco que pode correr quem aderir ao fundo. “O [governo] já mostrou que na verdade o Funpresp é para quem está aí. Todo mundo fala: ‘isso é para quem vai entrar nos serviços públicos’, mas não é, você é o alvo”, alerta o servidor Cleber Aguiar, dirigente do sindicato de São Paulo (Sintrajud) e integrante do movimento LutaFenajufe, que considera urgente uma campanha que informe à categoria o que significa essa aposentadoria complementar privada.

A seguir, trechos da entrevista concedida por Maria Lucia Fatorelli: 
 
        A obstinação do governo federal em garantir o superávit primário, atrelado à Lei de Responsabilidade Fiscal, tem sido responsável por enormes cortes no orçamento público. Quais são os impactos desta política tanto na economia como na vida dos trabalhadores?
        Em primeiro lugar, é importante compreender que essa política se deve ao modelo econômico vigente no país. Tal modelo coloca o funcionamento do Estado a serviço do enorme privilégio à dívida pública, destinando prioritariamente os recursos públicos para o pagamento dos juros mais altos do mundo, em detrimento do atendimento de todas as demais necessidades sociais.
O reflexo dessa política é visível para a economia como um todo – haja vista o pífio crescimento do PIB – bem como para os trabalhadores, que têm seus reajustes negados e direitos sociais desatendidos. A política que privilegia a dívida é a responsável pelo grande paradoxo do Brasil: ao mesmo tempo em que somos a 6a potência mundial, somos um dos países mais injustos do mundo, ocupando a 84a posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) medido pela ONU.
        O superávit primário – representado pelo corte em todas as demais áreas orçamentárias, para “sobrar” recursos para o pagamento dos juros aos rentistas - é apenas uma das fontes de recursos para o pagamento dos juros da dívida pública. Em 2010 o corte foi de R$ 50 bilhões e durante o ano, em decorrência de recordes de arrecadação, mais R$ 10 bilhões foram destinados ao superávit primário. Iniciamos 2011 com outro corte recorde de R$ 55 bilhões, que atingiu todas as demais áreas orçamentárias, inclusive saúde e educação.
        A Lei de Responsabilidade Fiscal, que tem sido utilizada como argumento para vetar legítimos reajustes aos trabalhadores, não estabelece limite algum para o custo da insana política monetária em prática no país, que tem provocado prejuízos estratosféricos ao Banco Central: em 2009, o prejuízo do Banco Central chegou a R$ 147 bilhões; em 2010, R$ 50 bilhões. A LRF impõe ao Tesouro Nacional a obrigatoriedade de arcar com todo esse prejuízo do Banco Central. Quem paga a conta é a sociedade, pois daí vem os contingenciamentos e emissão de mais dívida para pagar juros.
Para a dívida são destinados todos os lucros das estatais distribuídos ao governo; as receitas das privatizações, os valores recebidos dos estados e municípios pelo pagamento de suas dívidas refinanciadas pela União, e ainda todos os superávits financeiros verificados em outras rubricas, em conformidade com as Medidas Provisórias 435 e 450, utilizadas desde 2008 para transferir grandes somas de recursos para o pagamento da dívida.
        Outro privilégio da dívida está inserido na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – que garante atualização monetária à dívida desde o Plano Real (que congelou todas as demais despesas, especialmente salários). A LDO tem garantido à dívida atualização automática, mensalmente, por índices calculados por instituição privada (Fundação Getúlio Vargas) que tiveram variação muito superior ao índice oficial de inflação do país (IPCA)1.
        Enquanto a LRF estabelece limites para os gastos públicos, não há limites para o volume de dívida pública federal, nem para o patamar de juros. A dívida brasileira já supera R$ 3 trilhões ou 67% do PIB. Essa política de atualização automática para a dívida acrescida de juros exorbitantes e ausência de limites tem provocado o crescimento acelerado da dívida pública brasileira, levando-nos a um ciclo vicioso de exigência de volumes crescentes de recursos para o pagamento dos juros e amortizações que incidem sobre a mesma. O gráfico a seguir demonstra a evolução dos gastos desde o Plano Real e derruba o mito de que os gastos com Pessoal ou Previdência seriam os responsáveis por desequilíbrios nas contas públicas. O verdadeiro rombo está na dívida, que nunca foi auditada.

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