sexta-feira, 11 de novembro de 2011


ORÇAMENTO
Governo aprova relatório inicial sem PCS e servidores prometem mais pressão e greve
Relatório preliminar do Orçamento é aprovado sob protestos e às pressas; Servidores deixam Congresso prometendo mais greve, que já atinge 20 estados
 
Numa sessão esvaziada, mantida graças a acordo firmado entre os parlamentares na véspera, o governo conseguiu aprovar na Comissão Mista do Orçamento, sob protestos de servidores, relatório preliminar para Lei Orçamentária de 2012 que não reserva recursos para os projetos salariais que atendem aos trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União. A maioria das emendas que incluíam no texto esta previsão nem chegou a ser apreciada. O único destaque neste sentido que chegou a ir a voto acabou rejeitado numa votação cuja forma como foi encaminhada pelo presidente da CMO, senador Vital do Rêgo (PMDB/PB), foi alvo de críticas de servidores e de alguns parlamentares. Os manifestantes deixaram o plenário cantando palavra de ordem que prometia mais greve e mobilização.
 
O texto preliminar aprovado desagradou aos manifestantes, mas, como previsto no parecer inicial, deixa uma ‘janela’ que pode ser usada pelo relator, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), para incluir eventuais reajustes de servidores públicos. É aí que podem ser encaixados os projetos do Judiciário e do MPU antes da votação do relatório definitivo, indicada para acontecer até 19 de dezembro. Esta prerrogativa está prevista no item 36.3 do Projeto de Lei Orçamentária (LOA), mas, por si só, não representa certeza de nada.
 
Resultado da votação gerou dúvidas
 
Não havia grandes expectativas quanto à possibilidade de incluir, de forma explícita, a previsão de recursos para os projetos do Judiciário Federal e do MPU na votação desta quinta do relatório preliminar. Mas o modo como o tema foi tratado pelos parlamentares ligados ao governo deixou os servidores ainda mais indignados. Apenas um destaque, que apontava o parcelamento em seis vezes, integrou o acordo entre o governo e a oposição PSDB/DEM que definiu pontos que seriam levados a voto após a aprovação do texto preliminar. Antes disso, o relator-geral do projeto e o deputado Gilmar Machado (PT-MG), vice-líder do governo no Congresso, chegaram a ameaçar retirar do texto a tal ‘janela’ para os reajustes caso as emendas favoráveis ao PCS fossem mantidas.
 
A forma como o destaque foi votado também deu margem a reclamações e polêmica. “O presidente [da comissão] manobrou com toda pressa e malícia, fiquei na dúvida se [o destaque] foi rejeitado, me parece que foi sete a seis [para nós] o resultado da votação”, relatou o servidor Adilson Rodrigues, dirigente do sindicato de São Paulo (Sintrajud) e ex-diretor da federação nacional (Fenajufe).
 
Ele avaliou que o governo jogou pesado para impedir a aprovação de propostas que contemplassem os servidores. Para conseguir votar o Orçamento e contornar a ameaça de obstrução por parte da oposição, cedeu em vários pontos para atender a emendas do PSDB e do DEM, dentre elas a que aumenta em R$ 2 milhões o valor das emendas individuais de parlamentares. Mas não baixou guarda quanto a questões salariais ou ligadas a aumento de aposentadorias. “Era questão de honra para o governo não permitir uma vírgula para o PCS”, disse.
 
Pressão pautou questão salarial
 
O resultado foi considerado ruim e confirmou que o governo de Dilma Rousseff segue não só empenhado em barrar os projetos, como conta com a ajuda de muitos parlamentares do PT, que assumem de frente a tarefa de barrar propostas pró-reajuste salarial. Mas a presença dos servidores, que ‘levaram’ a greve nacional ao plenário onde transcorria a sessão, gerou constrangimento entre deputados que declaram apoiar a reivindicação da categoria e pôs a luta pelo fim do congelamento no centro dos debates.
 
Ao defender a emenda pró-PCS que pouco depois seria rejeitada, o deputado Efraim Filho (DEM-PB) citou o longo período de ‘reajuste zero’. “Esses cinco minutos [concedidos pelo presidente da CMO para a defesa da proposta] serão muito poucos comparados aos cinco anos que essa categoria aguarda por um reajuste. Não é possível ter tantas e tantas prioridades no relatório e não contemplar o maior patrimônio que a nação possui, que são os servidores”, disse o parlamentar, ao sustentar uma emenda de autoria do deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), que não estava presente. A proposta reservava R$ 1,467 bilhão para as duas primeiras de seis parcelas do PCS do Judiciário, a ser implantado ao longo de três anos, a partir de 2012 – proposta alinhada, portanto, ao que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, agora diz defender. Pelo governo, o deputado Gilmar Machado frisou, após votar contra o destaque, que o item 36.3 mantém a possibilidade de buscar um acordo e que o “governo continua aberto à negociação”, sem explicar onde se encontra esta abertura, já que as declarações que saem do Planalto e do Planejamento apontam noutra direção.
 
Prazos para emendas
 
Os servidores deixarem o Plenário 2 do Anexo II da Câmara dos Deputados, onde transcorria a sessão, visivelmente irritados e insatisfeitos. Mas não expressavam desânimo nem sinal de desistência. Ao contrário, encerraram o ato prometendo ampliar a greve, que já alcança 20 estados do país, e aumentar a pressão sobre Brasília. Além da mobilização cotidiana no Congresso, que deve continuar, o Comando de Greve aprovou uma manifestação nacional na capital do país para acontecer no dia 23 de novembro, que cobrará do presidente do STF uma atitude mais incisiva pela aprovação do PCS.
 
A data coincide com o prazo final para a apresentação de emendas ao relatório definitivo, que se iniciará no dia 14. Também começa agora a fase das negociações para conclusão dos relatórios setoriais para o Orçamento, considerada uma das mais importantes no processo de tramitação da LOA. “O resultado da votação do relatório preliminar foi ruim, mas já era esperado. O Orçamento ainda está em aberto e a gente tem que fortalecer a greve”, afirma Cleber Aguiar, diretor do Sintrajud e servidor do TRF-SP. 
 
Por Hélcio Duarte Filho
Luta Fenajufe Notícias
Quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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