terça-feira, 8 de maio de 2012

Dilma tem que corrigir já ato ilegal exposto por Gurgel que excluiu PCS, diz servidor


 Procurador-geral da República diz que exclusões salariais do Orçamento foram ilegais; Atos desta quarta na Justiças Eleitorais devem exigir reparação imediata
Por Hélcio Duarte Filho em 08/05/2012 - sintrajud.org.br

A presidenta Dilma Rousseff tem como corrigir já a ilegalidade cometida na aprovação do Orçamento da União para 2012, que excluiu as previsões de revisões salariais encaminhadas pelo Judiciário Federal e Ministério Público. É o que afirmam servidores ouvidos pela reportagem, que veem na recente divulgação do parecer do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que aponta como inconstitucional o ato de Dilma, um novo gás para a categoria retomar com vontade as mobilizações. Calendário de atividades, que inclui atos nos tribunais eleitorais nesta quarta-feira (9) e preparação de greve para o final de maio, foi aprovado na 17ª Plenária Nacional da Fenajufe, a federação que agrega os sindicatos estaduais dos servidores do setor.
“A [presidenta] Dilma possui recursos e meios para corrigir esse abuso que cometeu, ferindo a autonomia tanto do Judiciário, quanto do MPU”, observa Adilson Rodrigues, servidor da Justiça Federal de Santos (SP) e diretor do Sintrajud-SP. “Ela cometeu crime de responsabilidade, quando ela assumiu declarou o compromisso de cumprir a Constituição, as leis e a coisa julgada”, diz.

Liminar foi desrespeitada: A solução, aponta, é a presidente da República encaminhar dotação orçamentária suplementar ao Congresso para restabelecer a proposta original remetida no ano passado pelo STF e MPU ao Ministério do Planejamento. A proposta, que trazia previsão para o PCS-4 dos servidores e reajuste para os magistrados, acabou alterada pelo governo do PT antes de ser remetida ao Congresso. Nem mesmo uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, deferida em dezembro, que determinava o envio da proposta original à Comissão de Orçamento do Congresso Nacional foi respeitada.
O parecer do procurador-geral da República teve ampla repercussão na mídia na terça-feira (8), ganhando espaço nos jornais e na TV, incluindo a Globo, que tratou do assunto com destaque no “Jornal Nacional”. O parecer é uma resposta à solicitação do ministro Joaquim Barbosa, que relata processo que questiona a constitucionalidade do ato da presidenta. Há cinco ações similares no Supremo, sendo que a que está sendo julgada é a movida pela Agepoljus – associação de agentes de segurança. Segundo Gurgel, “parece fora de dúvida que o procedimento adotado [por Dilma] está em desconformidade com o tratamento que a Constituição confere ao tema”. O texto do procurador observa que o Judiciário tem autonomia administrativa e financeira, submetida a apenas duas restrições: atender aos prazos estipulados pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e se enquadrar dentro do que determina a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Reparação já: O parecer de Gurgel, no entanto, apresenta como solução parcial para o problema que a presidente incorpore à previsão orçamentária para 2013 o que foi excluído do orçamento deste ano. O procurador argumenta que outra saída por ele levantada, anular o orçamento em vigor, paralisaria a administração pública. Mas, como observa Adilson, há mecanismos legais para corrigir o problema sem invalidar toda a lei Orçamentária de 2012. “O orçamento que ela violou foi o que está agora em vigor, não foi o de 2013”, argumenta. “A melhor forma de corrigir isso será encaminhar o reparo desde já”, defende.
“Esse parecer reconhece o que nós já vínhamos falando: o poder imperial tem sido uma realidade e há ingerência na autonomia [do Judiciário]”, diz o servidor, que vê nesses fatos a possibilidade de avançar na batalha para derrubar o congelamento salarial. “É um elemento novo que se soma à pressão que nós estamos fazendo. A matéria volta ao Poder Judiciário que pode determinar o reparo [na lei orçamentária]”, avaliou. Diante disso, destaca, uma boa participação da categoria nos atos nas Justiças Eleitorais em cada estado, nesta quarta (9), poderá ter grande repercussão e pressionar muito para que o caso não fique sem uma solução efetiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário